Alfaiataria ou Vestir por Medida

Alfaiataria ou vestir por medida

Diferenças e semelhanças

Para que seja possível entender as diferenças e semelhanças entre a Alfaiataria e o Vestir por Medida há que entender primeiro o significado de cada uma delas.

Do árabe al-hayatt ou “aquele que costura” a palavra alfaiate leva diretamente para a alfaiataria ou a arte de coser panos para cobrir o corpo. A busca da perfeição é a missão do ofício o que levou a outras especializações contributivas para esse desejo. O cortador que se pode especializar em diversos modelos, a costureira que tem ser hábil e sensível nas tensões da linha conforme o tecido que cose, os oficiais que assistem o alfaiate na toma de medidas ou as costureiras nas aberturas de costuras e acabamento de cada operação e o próprio alfaiate ou modista, o mestre ou a mestra, que mede e avalia o cliente, risca o seu desejo com arte pintor e esculpe um busto a ferro quente moldando entre-telas de crina até que a alma do criador influa no tecido e este cubra de elegância e rigor o corpo do cliente.

A crescente necessidade de servir um número maior de população e por forma a tornar o produto de acessível a industrialização e mecanização de algumas operações trouxe maior celeridade e menores custos de produção e, fruto de exaustos estudos anatómicos e desenvolvimento tecnológico, atingiu-se um determinado registo de parâmetros que permitiu o advento e sucesso da industria de confeções padronizada mais conhecida como pronto-a-vestir.

Se a arte de Alfaiataria mantém os processos seculares para que a tradição e os saberes não se percam, o conhecimento e a tecnologia aplicados na indústria fizeram-na evoluir para novos patamares de perfeição e à criação de novas profissões, como a de costureiro ou designer de moda, bem como elevar outras indústrias como as de forros, botões e outro tipo de aviamentos. Será pois o alfaiate tradicional um artífice capaz de todo o tipo de corte que ofereceu conhecimento à industria e que esta pegou, evoluindo, até que se chegou ao conceito de “vestir por medida” que também criou um novo profissional, o made to measure stylist ou estilista de medida, e dele, irá depender toda a informação a ser processada pela alfaiataria.

Na alfaiataria tradicional o alfaiate corta cada molde de raiz a partir das medidas e do pedido do cliente e deve, em princípio, conferir o seu estilo pessoal à obra, como se fosse a sua assinatura. Por exemplo, existem alfaiates que só trabalham com banda de bico em assertoados ou paletós pois é esse o seu cunho. Um bom alfaiate faz questão de apresentar acabamentos manuais e, acima de tudo, faz das várias provas o aperfeiçoamento da sua obra para satisfação do cliente.

O tempo e a relação com o cliente são fundamentais e terá que ser influente no preço final e que o conhecedor compreende e aplaude. O cliente mais sofisticado, apreciador e com igual poder de compra buscará também o seu sapateiro, o seu camiseiro ou o seu gravateiro e assim obter o seu guarda roupa bespoke.

Por seu lado, a alfaiataria por medida, graças ao saber aliado às novas tecnologias , evoluiu para patamares de qualidade elevadíssimos quando as parcerias se dão entre os melhores, e, consegue competir em performance e nível de preço bem como ultrapassar em serviço prestado a arte tradicional. O estilista que interage com o cliente é o intérprete do desejo do cliente e o proponente das melhores soluções.

É também o escultor dos melhoramentos. Após tomada de medidas do cliente, a primeira prova é feita no acto sob um molde base que melhor sirva ao conforto do cliente. Sob esse molde base, cabe ao estilista a leitura das dezenas de parâmetros alteráveis para que a vestibilidade seja perfeita. A variedade de modelos e adaptações, as vastas opções de acabamentos, manuais ou não, e de decorações, abrem o leque da imaginação que a criatividade de ambos realizará na peça de sonho.

Estilistas de medida e marcas especializadas no serviço, como a suMisura Mestres de Medida Lisboa, definiram parcerias com outras áreas da confeção tornando possível ao cliente não só mandar fazer o seu fato executive ou cerimónia, o blazer casual ou a calça chino’s, mas também toda a obra de camisaria, gravataria, malharia e sapataria por medida.

Assim sendo, podemos concluir que o cliente que por variadas razões não encontra no pronto a vestir as soluções que procura, seja ao nível das medidas necessárias e sobretudo na livre escolha de modelos, padrões e cores, encontrará nos artesãos clássicos a fonte certa para uma obra exclusiva e genuína, tendo neste momento ao seu dispor a opção de vestir ou calçar por medida um mundo de soluções desde o fato de uso ou blazer de uso diário ao sapato goodyear ou casual, da gravata de confecção industrial à sofisticação da gravata de 5 e 7 pregas uma oferta semelhante ou por vezes até mais compreensiva a um preço algo mais competitivo.

O mundo da elegância de bem vestir por medida não é, de todo, a compra compulsiva e requer um pouco de tempo e dedicação ao importante acto de escolha e aquisição, sendo portanto de recomendar que o cliente atente não só nas suas necessidades mas no tempo que requer a construção e confecção das suas peças, o que em média pode levar entre as 3 e as 4 semanas, dependendo da obra. Dar tempo ao alfaiate é cuidar de si próprio como se fora uma ida ao spa, ao ginásio, à conferência imperdível, de férias ou a uma reunião com amigos. O atendimento por marcação reserva esse tempo exclusivo e atenção concentrada que merece o estilo de cada homem ou mulher e o atendimento por um profissional apaixonado especialista de medida ou de um bom alfaiate é sobejamente mais compensador do que o atendimento por um solicito balconista.

Conclui-se que, se a opção é vestir bem com critério e estilo, o cliente encontra soluções satisfatórias tanto na alfaiataria como na oferta do serviço de medida pois ambas oferecem inter-relacionamento com o cliente e proporcionam aquela sensação sublime de ter uma peça exclusiva e 100% dedicada e de alta qualidade. Se o tempo ainda é dinheiro e o bom gosto presistir talvez aí resida a maior diferença entre ambas as artes de alfaiataria, a tradicional e a tecnológica, a diferença estará sempre nas pessoas e no profissional que se elege e se pode pagar.

Flexibilidade

Para o conhecedor, Goodyear Flex será o melhor de dois mundos: um casamento entre a alta qualidade de construção em sapataria a a maleabilidade e conforto do Flex system.

Desenvolvido por artesãos experientes que do zero exploraram novos materiais e técnicas de construção potenciadoras de maior conforto (foi este o desafio), o resultado é “o” sapato sem forro feito em genuíno calf italiano, suave, para um “calçar como luva”, que a sola de couro oleado e estirado completa com elegância.

Para uma liberdade que queremos abraçar, é com os pés que damos passos na sua direcção e a nossa proposta maior de sapato é o GoodYearFlex, que apresentamos nas versões DerbyFlex, LoaferFlex e ChukkaFlex para os mais diversas ocasiões.

A total personalização de cor, solas e atacadores serão criadas com assinatura pessoal de estilo e carácter de cada cliente

Gentleman’s Wardrobe

O Gentleman’s Wardrobe é um projecto de seleção de tecidos desenvolvido pela Fratelli Tallia di Delfino que a suMisura abraçou e que não pára de dar frutos.

A carteira de Super 130’s (17 microns) de nome Rainbow apresenta 50 cores sólidas de uma mão inconfundível que acaba de atingir um novo patamar de excelência com a adição de cinco novos tons, do Tiffany Blue ao Peach, que justificam a diferenciação “Over the Rainbow”.

Especialmente concebidas para fato, calça e colete, esta singular paleta que integra o Gentleman Wardrobe’s da conceituada Fratelli Tallia di Delfino é uma das opções mais originais e sofisticadas para o verão que se aproxima e que o convidamos a ver e tocar no nosso atelier.

Alfaiataria, slow fashion e ambiente

O conceito Slow Fashion preconizado pela suMisura nunca, como agora, foi tão pertinente e crucial.
Se a paragem imposta pela pandemia comporta alguma virtude, é a de nos proporcionar a oportunidade para questionar a nossa forma de vida e pensarmos em que tipo de mundo queremos viver.

Alguns dos grandes desafios que se colocam atualmente às sociedades evoluídas têm a ver com o consumo desenfreado e as implicações que este tem na sustentabilidade, quer na dimensão económica, quer na ambiental.

A poderosa indústria da moda está no centro destas preocupações ao seguir um modelo que privilegia a produção de ciclo intensivo que alimenta um consumo descartável, de enorme desperdício, para cujas consequências negativas muitos têm vindo a alertar, inclusive a partir do seu interior. A última voz a fazer-se ouvir foi a do decano dos designers italianos Giorgio Armani que, em carta aberta, propôs um modelo alternativo que promove a desaceleração e uma sazonalidade mais ampla, em sua opinião, a única forma de assegurar o futuro de uma atividade que se encontra numa encruzilhada.

A suMisura, pela sua natureza, é parte desta corrente, a qual defende que o vestir deve ser um ato pensado e com um tempo muito próprio: um jogo em que o cliente participa ativa e criteriosamente desde o primeiro momento e cujas variáveis vão desde a escolha dos tecidos, dos padrões e das cores, até aos detalhes da extensa gramática do estilo que vão contribuir para um produto final que deve ser o reflexo apurado da sua imagem.
A motivação deixa de ser a novidade, a tendência, a massificação e o imediatismo para se centrar na qualidade, na durabilidade, no pormenor e até na origem da matéria prima.

Este é sem dúvida um processo que requer mais tempo, mas cuja recompensa – o prazer de possuir uma peça absolutamente única, construída à imagem daquele que a veste e assinada em cada ponto pelo artesão que a construiu – é infinitamente superior.

Porque este é também o tempo dos alfaiates, dos camiseiros, dos sapateiros, das costureiras, do comércio local, dos produtos autênticos e da sua valorização, em que o atendimento personalizado, o aconselhamento, jamais serão um plus mas tão simplesmente uma prerrogativa de uma longa tradição que é fundamental reviver e valorizar.

Este é o mundo slow fashion que advogamos na suMisura e que vos convidamos a fazer parte.

 

Kennedy, ICON Thomas Mason

É uma honra e um orgulho para a suMisura Mestres de Medida ter sido uma das apenas 17 camisarias escolhidas em todo o mundo, para apresentar, em exclusivo no nosso país, a segunda edição ICONS da Thomas Mason: uma coleção cápsula especial que revive alguns dos tecidos mais emblemáticos pertencentes aos arquivos históricos da prestigiada marca britânica.

Um excelente motivo para celebrar o desconfinamento com uma visita à suMisura, mediante marcação, obviamente.

A história da Thomas Mason começou na Inglaterra, em 1796, e desde então não mais parou de tecer novas histórias de estilo e elegância. Ao longo dos anos, a criatividade e a inovação permitiram à Thomas Mason juntar um vasto arquivo de valor inestimável, onde habitam os ICONS, que revivem e são celebrados nestas edições limitadas.

O retorno ao estilo “preppy” ou “colleage” é o foco desta segunda edição que propõe uma reinterpretação contemporânea de um marco dos anos 20 e 30:  um tecido oxford encorpado baptizado Kennedy, em homenagem ao icónico presidente norte-americano que o usava regularmente.

Graças à sua versatilidade e resistência, Kennedy é ideal para a confecção de camisas casual que sugerimos no clássico button-down mas que o cliente pode encomendar noutro modelo de sua preferência. A exclusiva Kennedy está disponível na suMisura em três cores: azul claro, branco e no casamento de ambas, risca azul sobre branco.

Para a elegante proteção dos nossos clientes, a suMisura oferece uma máscara no mesmo tecido.

 

Deixe entrar o ar

Acompanhe a chegada do bom tempo e os últimos dias deste estado excepcional para fazer uma revisão ao guarda roupa. Escolha, arrume e guarde mas não sem antes cuidar devidamente do que pretende manter.

Eis alguns conselhos que esperamos sejam úteis:

  • Retire as peças de vestuário do guarda-roupa para que sejam escovadas e, se possível, expostas ao ar com algumas horas de sol.
  • Guarde e proteja do pó as mais pesadas que não vai usar, como os sobretudos, por exemplo. Prepare aquela que irá usar nos próximos meses, se necessário, com a ida semestral à lavandaria.
  • Perceba as suas necessidades, despertando um desejo ou outro, memorize, faça uma lista e envie-nos, se desejar, maximizando o proveito da próxima visita ao atelier e a sua plena satisfação. Para algum aconselhamento extra p.f. não hesite em nos contactar.

 

Conforto e flexibilidade

Conforto e flexibilidade

O à-vontade natural que desfrutamos na nossa casa não deve ser sinónimo de à vontadinha:  blazer e shorts para a reunião no ZOOM, pese embora a situação excepcional, não é certamente a opção mais inteligente para transmitir uma imagem profissional e cuidada.

A suMisura preparou uma linha Smart Casual de Fatos, Blazers, Calças e Camisas, que respondem na perfeição às exigências destes novos tempos.

Uma das propostas (na foto) é um blazer completamente desconstruído, isto é, a parte estrutural de peitos e ombreiras, bem como o forro, não são aplicados, o que torna o casaco muito mais leve e cómodo. A calça jack pant, dispensa cinto e construção de cós, mantendo a elegância de vestir. O tecido em lã fresca e ponto traveler é muito resiliente ao enrugamento podendo as opções em washed cotton ou malha de algodão conferir ainda maior leveza. A camisa polo situa-se nessa fronteira e pode ser executada em diversos tecidos de linho e algodão e várias opções de gola.

Verão é linho

Não deixe escapar o Verão. Depois do confinamento, o sol, fonte natural de vitamina D essencial ao fortalecimento do sistema imunitário, é crucial.

No capítulo da elegância, quando o estio se instala, em qualquer circunstância, o linho é o seu companheiro de eleição.

Se a ocasião demandar elegância máxima, o fato em Linho Irlandês (Flax) pelo carácter ou em Linho Italiano pela frescura e leveza, é a opção certa. Aos espíritos mais casual, a suMisura oferece mistos de linho com seda, lã fresca, algodão ou, para uma opção mais ecológica, o blazer em cânhamo puro revela-se trendy e super-fresco para um verão que se deseja quente e livre.

Para ocasiões mais informais, a suMisura apresenta o linho Journey para que sinta o conforto e a frescura desta fibra natural, agora com propriedades resilientes às rugas.

Dos clássicos lisos ou de riscas aos padrões mais vibrantes e descontraídos, a nossa coleção de camisaria de linho e mistos de linho e algodão vestem o verão com a liberdade  que queremos.

 

Fibra nobre

Nome pertencente ao exclusivo e muito reduzido clube dos produtores de têxteis de fibras nobres, o Lanifício Luigi Colombo chega a Portugal com a sua linha de alfaiataria.

 

Se é verdade que o feitio, design se preferirem, de um peça de vestuário é fundamental, não é menos verdade que, para o consumidor mais conhecedor, a origem e a matéria-prima empregue na sua construção não é menos importante e pode determinar não só factores como a durabilidade, e a arquitectura de uma peça, da sua construção ao aspecto estético, como questões mais práticas como a eficiência térmica ou a mais óbvia relação preço qualidade.

Uma das vantagens que a alfaiataria ou a confecção por medida apresenta em relação ao pronto a vestir é precisamente a participação que o cliente tem na escolha do material em que a sua peça vai ser construída. À margem de tendências fugazes ditadas pela moda, o cliente pode escolher por entre uma vasto leque de cartazes em que fibras, cores, texturas, gramagens, origens, fabricantes e, claro, preços se apresentam sob a forma de tecido.

O exercício que pode resultar algo intimidador para os neófitos é um prazer para o connoisseur que pode dar largas à sua imaginação num jogo em que poucas são as barreiras para além do gosto de cada um e, claro, dos valores, que podem tornar a brincadeira deveras dispendiosa. Sobra-nos o consolo de quando acertado, poder a loucura ser vista como um investimento em prazer a longo prazo.

Como em tudo na vida também aqui existem diversos níveis e como um dia alguém um dia disse: “o que é caro nem sempre é bom mas o que é bom é inevitavelmente caro.”

O clube das fibras nobres ocupa os píncaros desta actividade.

De origem animal engloba o pelo de animais, cabras, ovelhas e outros bovídeos e camelídeos com origem em regiões inóspitas do planeta como a Mongólia ou a Cordilheira dos Andes na América do Sul, de cujo pêlo, ou lã, se fabricam alguns dos mais protectores, belos e preciosos tecidos que o mundo já viu.

Pela sua raridade, delicadeza e exigência no trato e consequente custo, são muito poucas as casas que se dedicam à transformação desta excelsa matéria-prima e ainda mais raras aquelas que a trabalham com sucesso ao mais alto nível fazendo dela a matéria-prima de luxo que é, por todas as definições.

Nesta verdadeira indústria de nicho altamente prestigiada, onde o made in Italy é rei e senhor e cujo nome mais conhecido é o da Loro Piana, o lugar de líder mundial na produção de fibras nobres é ocupado pelo Laníficio Luigi Colombo.

Assim, quando compra uma caxemira ou qualquer outra fibra nobre como a vicuña, guanaco, pêlo de camelo, ou lã merino, em tecido para alfaiataria, ou já transformadas em vestuário numa qualquer marca de luxo, apesar do nome do fabricante, por norma, não constar na etiqueta, se estiver mesmo perante um tecido de inegável qualidade, existe uma existe uma forte probabilidade de este ter sido produzido pelo Lanifício Luigi Colombo.

A têxtil familiar foi fundada por Luigi Colombo. Nascido em 1927 em Tradate na Lombardia no seio de uma família ligada à indústria ficaria órfão com apenas 10 anos tendo sido criado por um tio, um prestigiado empresário têxtil de Biella na vizinha região do Piemonte. Tido como um homem sensível e muito inteligente com uma ética de trabalho muito rigorosa, aos 20 anos já era responsável pela fábrica do tio.

Depois de se casar, Luigi, decide arriscar a actividade empresarial por conta própria no sector das fibras nobres, actividade consentânea com o seu espírito criativo e aventureiro foi pintor e conhecido velejador.

Na década de 70 os filhos Roberto e Giancarlo juntaram-se ao pai, injectando uma dose juventude e audácia que seria determinante para o futuro da empresa. Para além de estabelecerem relações directas com os fornecedores de lã espalhados pelo mundo, dos Andes à Austrália até à China onde passaram a negociar diretamente com os pastores mongóis.

Uma atitude que lhes permitiu estabelecer um contacto privilegiado com pastores e criadores, e controlar melhor o produto na origem. Simultaneamente uma política forte e contínua de investimento em investigação e inovação, conferiu-lhes uma posição invejável no mercado.

Por altura dos anos oitenta conta já com os principais nomes da moda internacional como seus clientes. Com a indústria do luxo a crescer e a procura de tecidos de altíssima qualidade a aumentar tornam-se líderes do sector das fibras nobres tornando-se especialistas a trabalhar caxemira, guanaco, vicunha, camelo, e fibras de espécies sobejamente conhecidas como a marta, a chinchila ou a zibelina mas cujo uso como têxtil não é muito comum, mais que não seja pelo preço.

Actualmente a empresa, que já vai na terceira geração tem duas fábricas, em Borgosesia e Ghemme, que cobrem uma área de 30.000m2 onde trabalham cerca de 400 pessoas que transforma por ano mais de 500 mil quilos de matéria-prima.

A mão de obra altamente especializada onde a experiência e o trabalho manual alterna com a a mais avançada tecnologia de fiação é um dos grandes trunfos desta casa familiar que quer continuar a crescer de forma sustentada.

Para além de fornecedores das mais afamadas casas de moda do mundo o Lanifício Colombo lançou em meados dos anos oitenta a sua linha própria de pret-a-porter com malhas acessórios e têxteis para a casa presente em pontos de venda multi-marca, armazéns de prestígio e lojas próprias. As suas lojas em Itália, encontram-se em Milão, na famosa Via della Spiga, na Via Borgognona em Roma, Bergamo e Porto Cervo e, fora de Itália, na Coreia do Sul, em Seoul, Daegu e Busan.

A chegada a Portugal, onde passa agora a estar disponível na capital em tecido a metro na Sumisura em frente ao Ritz Four Seasons, faz parte de um plano de expansão que visa levar o nome do Laníficio Colombo a novos mercados. A estratégia, segundo os responsáveis da marca passa também pela abertura de novas
lojas embora Lisboa, pelo menos para já, não esteja a ser equacionada.

Fernando Pereira, especialista na confecção Made to Measure que já disponibilizava os nomes mais sonantes do mercado de tecidos de alfaiataria, as fibras nobres da Laníficio Colombo, vêm elevar ainda mais a oferta da Sumisura cujos clientes podem agora tocar e sentir aquela que é provavelmente a melhor caxemira do mundo.

Harris Tweed, a lã de um povo

O tweed é, provavelmente, o mais famoso têxtil britânico e aquele que simboliza o estilo de vestir dos súbditos de sua Majestade. O mais surpreendente é que, como o Vinho do Porto, também este tecido de lã, na sua expressão mais tradicional, o Harris tweed, é protegido por lei e tem a sua região demarcada

 

Embora, de tempos a tempos, volte em força, o tweed é muito mais do que uma moda. Este tecido de lã, áspero como o clima das ilhas britânicas e resistente como as suas gentes, é sinónimo de estilo informal britânico. Conhecido nos primórdios como Clò Mòr, um pano longo de lã produzido pelos agricultores escoceses, para uso próprio, em teares rudimentares instalados nas suas casas, cumpriu eficazmente, através dos tempos, o propósito de proteger dos elementos as gentes trabalhadoras destas regiões inóspitas.

Já mais próximo dos nossos dias, ganharia o nome de tweed sem que se saiba bem como. Embora sejam duas as versões sob a origem da nova designação, certezas, porém, não existem. Há quem atribua a designação ao rio homónimo que corre na Escócia e em cujo vale o tecido é há muito produzido. Outros defendem que o novo nome surgiu de um equívoco de um comerciante londrino que terá grafado incorrectamente numa encomenda “tweel”, como se escreve em escocês o britânico “twill” (a resistente trama utilizada na tecedura), dando assim origem ao tweed que acabaria por subsistir.

O tecido de aspecto grosseiro, algo felpudo, em tons terrosos, que se mesclavam na paisagem de vegetação rasteira, viria a ganhar fama inesperada em meados do século XIX, depois de ter sido adoptado pela aristocracia britânica como matéria-prima predilecta para a sua indumentária de lazer. A adesão ao tweed tem como grandes responsáveis a Rainha Vitória e o Príncipe Alberto. Quando o casal real comprou o Castelo de Balmoral, para aí passar grande parte do seu tempo livre a caçar e a passear pelo countryside escocês, deu início a um movimento mimético que levou muitos nobres ingleses a comprarem propriedades na Escócia e a começarem a cultivar um estilo de vida ao ar livre em que o tweed, mercê da sua resistência e qualidades termoisolantes, assentava que nem uma luva.

À semelhança do que já acontecia na Escócia com o tartan, que diferenciava os diversos clãs, esta apropriação por parte das elites desencadeou um fenómeno interessante que consistia em desenhar padrões que distinguissem estas novas propriedades e os seus senhores, os chamados Estate Tweeds, dos quais o Balmoral Tweed, criado pelo Príncipe Alberto, era um dos primeiros.

Esta mania muito britânica de tudo catalogar, que se estende, por exemplo, às gravatas, em que, para além do aspecto estético, os seus padrões servem para identificar o regimento, colégio, universidade ou clube de quem as usa, já existia no tweed. O vasto rol de padrões e texturas já estavam ordenados por categorias.

Essas incluíam denominações que denotavam desde o tipo de ovelhas na origem da lã, Cheviot Tweed ou Shetland Tweed; a sua geografia, o Donegal Tweed, por exemplo, com origem no condado de Donegal, na Irlanda do Norte, ou uma determinada actividade, como é o caso do Gamekeeper Tweed. A estes padrões cativos, que inicialmente estavam reservados a quem de direito, mas que hoje são usados livremente, juntava-se ainda uma larga variedade de motivos e texturas, conferidas pela tecelagem, como o Plain Twill, Overcheck Twill, Plain Herringbone, Houndstooth, entre muitos outros. Esta enorme multiplicidade de padrões e texturas são, conjuntamente com a durabilidade, resistência das fibras e da tecedura, em grande parte responsáveis pela popularidade deste tecido.

Depois desta viragem aristocrática, que lhe conferiu um carácter aspiracional, numa altura em que a revolução industrial já avançava a todo o vapor, o tweed tornou-se no Reino Unido o tecido de eleição das classes médias e do emergente sportsman que fez dele inseparável companheiro de aventura.

No dealbar do século XX, abriram-se-lhe novos horizontes. Pelas mãos de Eduardo VII, chegava a Savile Row, onde ganhava expressão sartorialista e definitivamente tornava-se indispensável no guarda-roupa do homem elegante. O pano rústico ganhava matizes urbanas e novas conotações, a intelectualidade rendiase-lhe e Gabrielle Chanel abria-lhe as porta da alta-costura.

O tweed comporta uma curiosa ambivalência que o leva a ser apreciado, ao mesmo tempo, pela aristocracia e pela contracultura.

Os hipsters e o seu interesse pela indumentária vintage, o renascimento da alfaiataria e o movimento revivalista em torno deste tecido, com o seu ideário anti-massificação, em prol da autenticidade e sustentabilidade, de que a londrina Tweed Run é o expoente máximo, são manifestações desta face alternativa que, de tempos a tempos, catapulta-o para a ribalta.

Hoje, não há fabricante de tecido que não o apresente nos seus catálogos, dentro e fora do Reino Unido. Não poucas vezes, a lã virgem mistura-se com o algodão, caxemira e mesmo fibras sintéticas, em produções mais ou menos industriais. Porém, na Escócia há uma zona em que o tweed continua a cumprir o mesmo ciclo de há séculos.

Harris tweed, O Espírito Original

Desde há muito que as Hébridas Exteriores, um arquipélago formado por algumas ilhas, sendo as mais importantes Lewis, Harris, Uist e Barra, na costa ocidental da Escócia, gozam da fama de aí se produzir tweed da mais alta qualidade.

Este pano, conhecido como Harris Tweed, era tingido, cardado, fiado e tecido pelos agricultores locais com a lã das suas ovelhas e era usado fundamentalmente para consumo próprio. Embora de excelente qualidade, não tinha grande expressão enquanto negócio e, por isso, de pouco serviu quando, entre 1846 e 1856, a grande fome, provocada pela escassez de batata, também se fez sentir na Escócia.

Nesse momento particularmente dramático, revelou-se de maior importância a intervenção de Lady Dunmore, mulher de Alexander Murray, 6º Conde de Dunmore, senhor da Ilha de Harris, que teve um papel fundamental como dinamizadora da indústria têxtil. Com vista a ajudar a resolver os graves problemas de subsistência que os ilhéus enfrentavam, procedeu à encomenda de uma quantidade substancial de tartan da família, tecido à maneira do clò-mòr, e várias peças de fatos para os seus empregados.

Apercebendo-se de imediato do potencial que esta actividade, então marginal, encerrava para as depauperadas populações, impulsionou o seu crescimento. Frequentadora de meios sofisticados, percebeu que o sucesso da sua tarefa teria de passar pela produção de panos mais leves e de acordo com as necessidades do mercado da moda, o que não teve dificuldade em implementar. De seguida, e sempre por sua iniciativa, tratou de promover junto dos seus pares a lã produzida pelos seus rendeiros.

O esforço da ainda hoje venerada Lady Dunmore teve importantes e benéficas repercussões. Nobres e gente rica das ilhas vizinhas seguiram-lhe o exemplo. A procura subiu drasticamente e com ela o número de cardadores, fiadores, tingidores e teares a laborar em todas as ilhas. O êxito das Hébridas Exteriores fez surgir o receio de que outros se aproveitassem e que o produto fosse contrafeito ou adulterado noutras paragens.

Com o objectivo de obviar esta possibilidade, no início do século XX, com a indústria a laborar a um ritmo inédito, foi criada a companhia The Harris Tweed Association Limited, cujo papel era zelar pelas características e qualidade do tweed produzido nas Hébridas.

Este passou a ser, assim, o primeiro a ostentar uma marca, a icónica “orb mark”, a esfera encimada pela cruz de Malta e as palavras Harris Tweed por baixo, com que todas as peças de pano passaram a ser estampadas a partir de 1911 e que é a mais antiga do seu género no Reino Unido.

O Harris Tweed continuou a prosperar e, pouco tempo depois, a fiação manual revelava-se insuficiente para os níveis de produção atingidos. Isso obrigou a que, em 1934, os estatutos fossem ligeiramente alterados de forma a permitir que a lã até aí fiada com a ajuda de uma roda passasse a ser feita por métodos de maior eficiência sem no entanto perverter o espírito artesanal da produção.

A produção não parou de crescer até meados dos anos 60.

Na década de 90, como parte de um processo de modernização e defesa deste importante património que entretanto viu a sua importância económica diminuir substancialmente, foi fundada, no âmbito de um Acto do Parlamento, a Harris Tweed Authority que substituiu a anterior associação.

O novo organismo ficou, através dos seus estatutos, com a responsabilidade de promover e manter a autenticidade, níveis de qualidade e reputação do Harris Tweed. A Autoridade supervisiona a produção em todo o seu ciclo e só quando esta cumpre os princípios definidos nos estatutos a certifica com a estampagem da célebre esfera.

Nesta lei ficou definido que, para que o tweed produzido nas Hébridas Exteriores fosse homologado como Harris Tweed, a pura lã virgem tem de ser fiada, tingida, tecida e acabada manualmente por habitantes das Hébridas Exteriores nas suas casas.

Apesar de algumas ameaças ao longo da sua história e até mesmo o perigo que a contrafacção representa na actualidade, o Harris Tweed continua a ser produzido por cerca de 250 artesãos utilizando os mesmos métodos que os seus antepassados, mas com a qualidade acrescida que o conhecimento actual permite.

Este produto de grande qualidade e versatilidade, que é hoje exportado para mais de 50 países, viu a sua produção mais que duplicada nos anos mais recentes, mercê do interesse suscitado junto de um mercado que procura produtos autênticos que tragam consigo o valor intangível que a história e as gentes envolvidas na sua produção representam. Exemplo a seguir de sustentabilidade económica, o Harris Tweed já demonstrou que a sua resistência vai muito para além dos fios de lã com que é tecido.