Indústria do vestuário – Letargia e Metamorfose de uma indústria

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CONFORT IS THE NEW BLACK

Enquanto, em estado de pandemia, a indústria do vestuário encontra-se num estado de letargia. O sangue da criatividade não tem por onde correr. Os palcos da vida estão fechados. Não há casamentos nem batizados, não há conferências nem convénios, não há receções nem vernissages, não há nódoas de vinho tinto nem rasgões nos bolsos. A indústria está suspensa em toda a linha. Na incerteza do futuro, a indústria mais resiliente da história, desde que a humanidade se cobre, não desarma perante o desconhecido e prepara-se para um futuro que sempre aparece.

Como mestre de medida na suMisura, faço parte desses resilientes sonhadores de futuros, acredito na vida e nas pessoas e tenho esta convicção.

Quando a vertente biológica e sustentável nos preenchia os desejos, eis que a pandemia fez brotar a flor adormecida do conforto. Esse conforto de lar que eu quero comigo sempre e onde quer que me encontre, será o protagonista da moda pós pandémica. Another New Black.

Porque a César o que é de César – a reunião de negócios não será uma ida ao quiosque, um jantar especial não será uma partida de paddel, nem uma cerimónia social uma arruada.

O fato continuará a ser a expressão do “suit means business”, ou para quando a coisa é séria, feito em lãs cada vez mais finas e confortáveis, e os blazers reinarão no reino dos conceitos avantgarde do sustentável, orgânico, wash&go, realizado em construções ligeiras e cortes sóbrios para as várias situações do dia-a-dia.

O casaco desconstruído, a calça de cós suave, os tecidos resilientes com propriedades físico-químicas aplicadas serão todo um novo mundo para a elegância confortável. A fantasia no mundo da estampagem e sublimação e a criatividade nos padrões e texturas não terá limites. As ocasiões festivas não serão “o costume”, como eram antes, e recuperarão as suas raízes de verdadeira celebração, de vestir a rigor, redefinindo o termo “cerimónia”, pois é a festa da vida que aí vem, e esta não se vive em pijama. De pijama, dormimos.

Os corpos humanos continuarão a ser o que são, mantendo as suas marcas de linhagem, de caráter e de percurso de vida manifestados numa postura mais proeminente ou mais fechada, num braço mais comprido, nas pernas que curvam ligeiramente, num peito mais saliente, um ombro mais descaído, um pescoço fino ou uma barriguita mais feliz. Cada um continuará a poder expressar personalidade no seu vestir e a contribuir para a realização da sua peça de roupa. São estas as marcas da nossa autenticidade e da nossa diversidade, que o pronto a vestir não consegue compreender, que afirmam quem somos e confirmam a resiliência de um dos mais antigos ofícios do mundo ao serviço da maior obra da Criação. O novo normal é este que estamos a viver, uma anormalidade nas nossas relações que iremos ultrapassar num regresso ao futuro e à vida que sabemos que é boa e para a qual contribuem artífices e pastores, engenheiros e técnicos, designers e mestres da arte que mesmo confinados estão a trabalhar – quieto fuori e si move d’intro- para que a letargia tenha um fim e se glorifique na metamorfose de larva para a borboleta feita para abraçar o vento com as asas da liberdade.

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